Emmanuelle Laborit é surda profunda. Neta do cientista Henri Laborit, actriz agraciada com o Prémio Molière, é a protagonista deste testemunho, marcado pela memória de um crescimento que se viveu diferente; testemunho de uma vida, vista pelos olhos de uma menina, contado pelo sentir de uma mulher. Relato pessoal e subjectivo de alguém que cresceu no mundo do silêncio, que nunca aprendeu a viver à distância da comunicação, e que acaba por se libertar de um mundo que não precisava de ser assim. O Grito da Gaivota confronta-nos com uma realidade de que em geral pouco conhecemos, e convida-nos a partilhar as experiências, tantas vezes dolorosas, do dia-a-dia dos que vivem envoltos no silêncio e na incompreensão.
Trechos do livro
"O Vôo da Gaivota" Emmanuelle Laborrit - Atriz surda, enviados por Celso Badin, do Jornal do Surdo
"Recuso-me a ser considerada excepcional, deficiente. Não sou. Sou surda. Para mim, a língua de sinais corresponde à minha voz, meus olhos são meus ouvidos. Sinceramente nada me falta. É a sociedade que me torna excepcional..."
"A gaivota cresceu e voa com suas próprias asas. Olho do mesmo modo com que poderia escutar. Meus olhos são meus ouvidos. Escrevo do mesmo modo que me exprimo por sinais. Minhas mãos são bilíngües. Ofereço-lhes minha diferença.
Meu coração não é surdo a nada neste duplo mundo..."
"Sabia que gritava, mas os gritos nada significavam para minha mãe ou meu pai. Eram, diziam eles, gritos agudos de pássaro do mar, como uma gaivota planando sobre o oceano. Então, apelidaram-me de gaivota."
"Mamãe dizia ontem... e eu não entendia onde estava ontem, o que era ontem. Amanhã também. E não podia perguntar-lhe. Sentia-me impotente. Não tinha consciência do tempo que passava. Havia luz do dia, a escuridão da noite, mais nada. Tenho minha imaginação, e ela tem seus barulhos em imagens. Imagino sons em cores. Meu silêncio tem, para mim, cores. Nunca é preto ou branco."
Sobre a importância do contato da criança surda com o surdo adulto e o acesso precoce a Língua de Sinais, Emmanuelle Laborrit, atriz surda, diz:
"Imagine que você tenha um gatinho a quem nunca foi mostrado um gato adulto. Ele vai tomar-se por um gatinho eternamente. Imagine que esse gatinho viva apenas com cães, ele acreditará que é o único gato existente. Ele vai se esgotar na tentativa de se comunicar na língua dos cães. Conseguirá transmitir algumas mímicas para os cães: comer, beber, medo e ternura, submissão ou agressividade; mas será muito mais feliz e equilibrado com todos os seus. Crianças e adultos, falando a língua dos gatos."
"Quando eu aceito a língua de outra pessoa eu aceitei a pessoa... Quando eu rejeito a língua, eu rejeitei a pessoa porque a língua é parte de nós mesmos...
Quando eu aceito a Língua de Sinais, eu aceito o Surdo, e é importante ter sempre em mente que o Surdo tem o direito de ser Surdo."
Oi Maria Cristina!!!!
ResponderExcluirFiquei muito interessada em ler esse livro. Onde posso adquirir????
Abs.
Luciana Silva
OI MINHA LINDA, O MEU ESTÁ EMPRESTADO. ACREDITO QUE NA BIBLIOTECA DA SUA CIDADE ENCONTRARÁ FACILMENTE.
ResponderExcluirBEIJO.
CRIS.
alguem sabe como era a cidade dos surdos.
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